Há tanto tempo já que não te via
pelo passeio que me leva cego
por uma procissão de coisas minhas
sem cruz ou oração
não passas nunca passas pelos desejos
como quando existiam tantos Tejos
e tantas naus passavam ao serão
há quanto tempo já que te não via
e de verdade não sei se hoje te vi
ou se apenas sonhei
mas ao comprar o ticket da partida
e olhei para o vidro em frente
pareceu-me ver-te andar
no meio da gente
ás vezes são memórias estropiadas
o que nos vem á mente
ás vezes não destrinço claramente
a figura no tempo e no contorno
então eras adorno
agora és uma sombra que aí passa
sombra que sei que chora e que fracassa.