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domingo, 28 de novembro de 2010

MEMÓRIA

Não deixei de te ver 
nem á paisagem do entre nós
feita por aí algures
ao deus dará
em qualquer canto
ou no espaço tempo
do passado recente que se quer
e não será

nada restou  de riscos
para lá daquilo que não chegou a ser
registos de registos
pequenos lotes livres de viver
enquanto forem o que são
sobre o alvorecer
são nadas definidos
do esquecer

quando dias e  noites
voltarem  á partida
cinzas e pó  como  em qualquer Pompeia
não haverá razão corpo  ou ideia
nem ir e vir  da seiva despedida
como onda do mar na lua cheia
que empurra a porta
fecha-se a guarida

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

CARTA

A negrura da noite e o azul do dia
são os locais onde se  acoita Deus
e tenho o problema de saber
se uma carta demora  a lá chegar
se é infinita
ou se prescreve
ao fim de tantos dias

ao mesmo tempo
haverá promoções
ou idas em low cost
perguntas e sorteios para quem goste
e uma televisão oficial
e um  telejornal ?

ao fim e ao cabo
trata-se do paraíso
e embora me  broquem a testa  no juízo
gostava de saber
para perguntar a Deus
para lhe escrever.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

AMANHÃ

Amanhã
se houver dia
se não chover
o sol reaparece, irá nascer
é assim que principia.

tanto começa o ser
como a cidade
se não chover
o sol nasce e aquece
aquece e há-de
movimentar-se na diversidade

só ao buraco do metropolitano
o  sol não chega
o sol não pode entrar
em Lisboa, São Paulo ou em Milano
a gente que é toupeira todo o ano
só vê o sol quando desembarcar

amanhã
se não chover
se não chover e houver outro dia
que nem para todo o mundo
principia.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

PERGUNTAS

  1. Porquê este sentar
  2. por sobre a brasa
  3. vertida sem odor na combustão
  4. por sobre a escuridão
  5. que nos arrasa
  6. por sobre o nada que há em cada mão
  7. porque o pergunto eu
  8. se na resposta há sempre
  9. o mesmo não

  10. porquê existe olhar na cameleira
  11. que vive equilibrada no quintal
  12. que se desfaz em flor
  13. mas que não cheira
  14. como porta sem trinco sem soleira
  15. casa onde não existe morador

  16. porque é que me perguntas
  17. sem pergunta
  18. tu que sou eu
  19. matéria e aparência
  20. não sabes donde vens ,
  21. onde besuntas
  22. tua vida de morte e pestilência
  23. tu que sou eu
  24. secura no deserto
  25. liso e perdido num buraco aberto
  26. talvez um só pedaço
  27. de inocência.