Número total de visualizações de páginas

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

PASSAGEIROS

As faces passam rápidas no banco de poupança
por toda  uma parede só de vidro,
são faces velhas , raras de criança,
graves  e engelhadas
e o mundo que ali passa justamente
acabaria breve , secamente
se se tratasse de obras acabadas.

todas sem excepção se balanceiam
mas nem todo o balanço é sempre o mesmo,
umas de pé num equilíbrio a esmo
outras sentadas em bancos e tangentes
ninguém se ri , desandam e ondeiam
cheiram-se carrancudos , indolentes.

retardam-se e avançam, reservadas
caras como gatilho em inocentes
quando se cruza o hiper , entaladas
caras e pernas , fígados e mentes,
na travagem disparam, desatadas
vão com força para trás , voltam á frente.

só na paragem coisas se anunciam
e se mexe na mole espectro de gente
como encheram depressa se esvaziam
os duros bancos  , não da poupança à frente,
mas depressa retornam  à folia
da a cidade na ronda do presente.


sábado, 4 de dezembro de 2010

AURORA

Apaguei dentro o riso
das labaredas que ardem no vazio
amordacei o fogo
com bátegas de frio

o silêncio do sonho é aventura
em luz de amanhecer
de mística procura
num passo em frente
num ventre que há-de ser

ontem foi numa fita de cinema
que destilei a argumentação
esgotado no tema
esgotado no tempo
no miolo dos dias  sem razão

uma única vez é o que é
a cada aurora nasce uma manhã
há sol que a segura
girar que a levanta
e segundos por onde se agiganta